sábado, 29 de dezembro de 2012

A Gaivota - de Thiago Camacho


            Produção de Comédia Dramatúrgica 

            De Thiago Camacho

            A Gaivota 


            Cena 1 – O Rompimento da Paz
            Uma gaivota pomposa e exibida anda por uma praia pouco movimentada por humanos, mas agitada por outras gaivotas barulhentas. Avista dois homens, já conhecidos seus, em atitude suspeita, vestidos para caça e os questiona. Obtém como resposta algo que não queria ouvir, eles estão caçando gaivotas para um novo cardápio do restaurante de Daduco.
            A gaivota: Olá, o que fazem os senhores aqui?
            Daduco: Não nos cumprimente, senhora Gaivota. Infelizmente já não podemos trocar prosa, agora estamos separados por um conflito, que é justo.
            Seleno: Evite o contato, ave de rapina, você já não é mais amiga.
            A gaivota: Ora, ora, senhor Sereno...
            Seleno: Eu me chamo Seleno, Gaivota.
            A gaivota: Tudo bem, quem confunde uma ave nobre como eu com uma ave de rapina... O que é confundir um nome esquisito, não? Eu nunca quis ter muito contato sabe, mas a educação tantas vezes me forçou. O que fazem em meu habitat se resolveram me proporcionar o prazer de não vê-los mais? Ah, já sei, querem passear na casa dos outros... Isso é tipicamente humano.
            Daduco: Sem mais lorotas, ave. Nós estamos aqui caçando gaivotas para o novo cardápio de meu restaurante.
            A gaivota dá uma gargalhada e questiona: Como eu esperava, vão tentar salvar aquela espelunca com essa novidade ridícula? Olha, seu Caduco...
            Daduco: Eu me chamo Daduco, ave...
            A gaivota: Que seja... Irei ter com a sociedade protetora dos animais caso os senhores insistam nessa ideia absurda. O que os faz achar que podem comer a nossa carne, cometerem esse crime de assassinato?
            Seleno: A nossa superioridade.
            A gaivota: Olha, Seu Chuvisco...
            Seleno: Eu me chamo Seleno, insolente!
            A gaivota: Tudo bem, Seu Seleno Insolente... Quero apenas me certificar do por que eu seria inferior aos homens?
            Daduco: A nível de consciência e inteligência.
            A Gaivota: Deve ser por isso que os senhores faliram um restaurante. E agora querem fazer um holocausto na tentativa de salvar aquela espelunca. Vocês humanos são capazes de destruir o planeta com toda a sujeira que produzem, são verdadeiras máquinas de produzir lixo, de matar árvores que fornecem a vocês o oxigênio, são tão tolos que destroem a própria sobrevivência, extinguem animais, detonam a água de que tanto precisam e utilizam a consciência que alegam ter para exterminarem uns aos outros, produzindo armas de guerra e bombas atômicas capazes de arruinar todo o mundo! E sou eu, uma simples Gaivota, que vive apenas do necessário, que tenho minha vida baseada completamente no sustentável e que ainda mantenho o controle das cadeias alimentares e do equilíbrio no meio ambiente, embelezando a visão ordinária de vocês, que sou inferior? Eu e minhas semelhantes? Ainda sou caçada para servir de jantarzinho num boteco falido de um administrador de quinta categoria chamado Caduco... Devo eu me considerar inferior de acordo com o bom senso que vocês dizem ter?
            Daduco e Seleno tentam argumentar, mas a gaivota interrompe:
            Eu sou muito mais instintiva e organizada do que vocês que só raciocinam desordem.
            Daduco: Olha, senhora gaivota, você está falando de forma genérica...
            A gaivota o interrompe: Vocês que trabalham o dia inteiro, vocês que são escravos do dinheiro...
            Seleno: Escute, sua galinha voadora...
            A gaivota torna a interromper: Aquele que subestima uma gaivota, não passa de um idiota...
            Daduco: Eu sei que em parte você parece ter razão, mas...
            A gaivota impede a argumentação deles, tornando a discussão baseada no viés ideológico unilateral: Ser humano a tudo complica... Ser humano para comunicar precisa ser poliglota, não falam língua única como uma gaivota...
            Os dois começam a andar de um lado para o outro, cochicham, espiam de soslaio, enquanto a gaivota, pomposa, senta na areia para tomar um sol.

            Cena 2- Quem é inferior?
            Os dois amigos retornam e falam com a gaivota, enquanto isso, ela continua na mesma posição, tomando sol tranquilamente, parecendo não ouvir o que dizem.
            Daduco: Onde já se viu darmos ouvidos a essa coisa?
            Seleno: Essa coisa só sabe fazer barulho...
            Daduco: Nós não vamos nos deixar convencer por isso, vamos?
            Seleno: Claro que não, os argumentos dela são... São...
            Daduco: São fajutos?
            Seleno: Um pouco infundados?
            Daduco: Desconexos?
            Seleno: Argumentos de uma gaivota...
            Daduco: Talvez faça algum sentido?
            Seleno: Talvez tenha alguma coerência?
            Daduco: Se tiver, a contrariaremos?
            Seleno: A contrariaremos por orgulho?
            Daduco: Que mal há em contrariar uma gaivota?
            Seleno: Orgulho é uma coisa ruim?
            Daduco: Orgulho é uma coisa boa!
            Seleno: É verdade, muito boa.
            Daduco: Excelente.
            Seleno: Gloriosa.
            Daduco: É?
            A gaivota finalmente se move e interfere: O grande... O mais poderoso... O maior de todos os orgulhos... Está em não ter orgulhos...
            Seleno: Ah cala esse bico, pelo amor...
            Daduco: Escute, seu passarinho atrevido...
            A gaivota: Escute o senhor, seu Balduco...
            Daduco: É Daduco...
            A gaivota: Isso mesmo, seu Maluco, entre cantos de gaivotas, a voz humana é um mal que não deve ser levado em conta, creio que os senhores podem ir pra casa refletirem o inevitável: eu tenho razão, eu sou superior a vocês, que não são capazes de articular defesa intelectual, e por isso recorrem ao orgulho, e eu com minhas belas plumas...
            Seleno: Penas...
            A gaivota: Plumas... Ficarei aqui tomando sol.

            Cena 3-
            Os dois amigos voltam a andar para lá e para cá. Cochicham novamente, visivelmente encabulados e retornam a falar com a gaivota, que agora com óculos de sol, está deitada pomposa na areia.
            Daduco: Dona gaivota...
            A gaivota responde: Dona não, senhora gaivota...
            Seleno: Esse animal tem o poder de me irritar...
            A gaivota: Isso é estresse, tipicamente humano... Mais um atributo de inferioridade, e vocês nem voar podem... Voar desestressa, alivia... Vocês só trabalham e só se estressam... É como eu sempre digo, o homem trabalha o dia inteiro, o homem é escravo do dinheiro... No Stress.
            Daduco: Para de piar inglês, andorinha.
            Seleno: Nós ainda não nos demos por vencidos...
            A gaivota: São tão rasos que esvaziaram num só gole...
            Daduco para o espectador: Vocês entendem o que diz esse pardal?
            A gaivota para o espectador: Vocês não se ofendem de pertencerem à mesma espécie?
            Seleno: O que ela está querendo dizer com isso em?
            A gaivota: Quem subestima a gaivota... Não passa de idiota.
            A gaivota voa e bate uma de suas asas na face de Seleno, que fica cheio de penas.
            Os dois amigos saem enfurecidos e humilhados.

            Cena 4- O singelo engano
            Seleno desabafa com a cozinheira, Anímora: Veja como estou cheio de penas... Que dia, que dia terrível!
            Anímora: Aposto que se meteu entre aquelas gaivotas. Não conseguiu caçar nenhuma?
            Daduco: É que argumentaram em defesa delas...
            Anímora: E os convenceram?
            Seleno: Em hipótese alguma!
            Anímora: Então por que não trouxeram as gaivotas?
            Daduco: Porque... Porque... Por que mesmo, Seleno?
            Seleno: Oras, claro que porque... É lógico que... Ué diz aí cara!
            Anímora: Mas são duas toupeiras mesmo, foram convencidos. Aposto que por uma...
            Daduco: A gaivota não nos convenceu coisa nenhuma.
            Anímora: Então esse é o nome da sujeitinha...
            Daduco: Mas nós não fomos convencidos por ela! Viemos lhe buscar para que dê seu parecer.
            Anímora: Sei, pode deixar que eu vou e teremos uma prosa de mulher pra mulher...
            Seleno: Mulher?
            Anímora: É, ou por acaso foram convencidos por um travesti?
            Daduco: O que disse?!
            Anímora: Esquece, deixa pra lá. Vamos para eu conversar com a fulana.
            Seleno: Isso, vamos para ela conversar com a gaivana, quer dizer, gaivona... Não...
            Anímora: Já entendemos, vamos logo!

            Cena 5 – Debate entre as espécies
            Anímora, na praia: Mas é aqui que vamos conversar? Nessa praia de aves barulhentas?
            Daduco: Onde mais?
            Anímora: Na casa dela.
            Seleno: Está maluca?
            Anímora: Por que, Seleno?
            Daduco: Você bebeu?
            Anímora: Olha o respeito!
            Daduco: Desculpe, mas é que...
            Anímora: Já imaginava, ela é casada né?
            Seleno: Anímora, você se sente bem?
            Anímora: Eu é que pergunto, vocês dois estão tão estranhos!
            Daduco: Nós?
            Anímora: O que um rabo de saia não faz com dois homens em...
            Seleno: Rabo de saia?
            Anímora: Não se faça de besta!
            Seleno: Como?
            Anímora: Nada. Ela é bonita é?
            Daduco: Fedorenta e feia.
            Anímora: O quê? Vocês não tem vergonha mesmo né? Eu toda prendada, cheirosa, bem arrumada... E vocês vem até esse lugar pescar piranha nojenta?
            Seleno: Anímora, você continua indo ao seu psiquiatra?
            Anímora: Parei por um tempo, por quê?
            Daduco: Está explicado.
            Seleno: Não pare de ir!
            Anímora: Vocês me chamaram até aqui pra me ofender, é isso mesmo?
            Seleno: Desculpe, esqueça.
            Anímora: E então, onde está a beltrana?
            Daduco: A gaitrana... digo... A gaivana... Ou melhor, ah não sei!
            Anímora: Onde?!
            Seleno: Calma, ela talvez demore a aparecer. Deve estar em revoada.
            Anímora: Revoada? Ah entendi, vocês mesmos assumem que se enrabicharam por uma boa bisca. E os dois ainda por cima!
            Daduco: Você está achando que nós estamos interessados na gaivista? Quer dizer, na gaivota? Você não pode estar no juízo perfeito!
            Seleno: Anímora, no estado em que você está não poderá argumentar, você dormiu bem esta noite?
            Anímora: Agora estou entendendo tudo, vocês estão de ladainha comigo, ela deve ser bonita... Mas sério que é muito mais do que eu? Porque para me desprezarem e caírem de quatro, os dois, para ela...
            Daduco e Seleno se entreolham balançando negativamente a cabeça.
            A gaivota chega e pousa em frente a eles.
             Anímora reclama: Que bicho barulhento!
            Daduco: Aí está a gaivota.
            Anímora: Onde?
            Seleno: Aí, olha!
            Anímora: Cadê que eu num to vendo!
            Daduco: Na sua frente.
            Anímora: Em que lugar, pelo amor de deus?!
            Seleno: Você está louca?
            Anímora: O que disse?!
            Seleno: Desculpe, mas eu já disse, a gaivota está na sua frente!
            Anímora: Mas eu não estou falando dessa ave, onde está a mulher?!
            Daduco: Que mulher?!
            Anímora: Ah vocês estão de brincadeira com a minha cara!
            Seleno: Não estou te entendendo, Anímora.
            Anímora: Ah você que não está me entendendo, Seleno?!
            A gaivota: Como vai a senhora?
            Anímora grita.
            Seleno: O que foi?
            Anímora: Esse bicho está falando! O que que é isso?
            Daduco: Pois é, e com ela que temos de argumentar.
            Anímora: Com essa ave?
            Seleno: Sim, ela é a gaivota em questão.
            Anímora: Ah eu tenho mais o que fazer, vocês querem que eu fique aqui discutindo com uma gaivota?!
            Daduco: Para isso você veio, não?
            Anímora: Eu me recuso a discutir com uma ave.
            A gaivota: Escute, dona Carnívora...
            Anímora: Meu nome é Anímora, querida gaivota.
            A gaivota: Isso mesmo, Herbívora... Quero dizer que no último encontro eu desmoralizei seus queridos amigos assassinos de animais indefesos, e que comprovei cabalmente por argumentação lógica que são inferiores a todos os animais... Pelo potencial em destruir tudo no mundo que nenhuma outra espécie tem, e por ainda terem a pretensão de chamar isso de consciência ou racionalidade... Dado esse fato, que só poderia ser proveniente de humanos, devo sugerir o reverso da situação: São vocês humanos que devem nos servir de alimento, uma vez que são inferiores. Minhas companheiras gaivotas concordaram por unanimidade. Cansadas de comer peixes, agora querem experimentar um novo cardápio: carne humana. Brilhante ideia, não acham?
            Um grupo de gaivotas começa a berrar incessantemente.
            Anímora: Silêncio, pelo amor de deus! Que barulho infernal! Vocês devem morrer só por fazer tanto barulho, ninguém aguenta isso! O que você disse vai contra toda a lei da cadeia alimentar, minha querida. O homem domina a natureza...
            A gaivota: E a destrói... O que não significa superioridade, pelo contrário... E cadeia alimentar não condiz com uma espécie que se diz pensante... Vocês não encabeçam cadeia alimentar alguma dado que não possuem características de animais carnívoros.
            Anímora: Isso é o que você diz para defender essas gralhas...
            A gaivota: Isso é tudo que você tem a argumentar? Isso é o que diz a ciência para assegurar o que deveria ser espontâneo, o respeito pela vida!
            Anímora: Não deem ouvidos a essa coisa, vamos torcer o pescoço dela e pronto.
            A gaivota: Não deem ouvidos a dona Carnívora, vamos bica-la até ela sentir na pele o holocausto que faz todos os dias naquele restaurante.
            Anímora: Gaivota barulhenta! Mal educada, para de fazer barulho!

            Cena 6- Um ambientalista
            Um ambientalista, seu Lenouro, que passeia pela praia desenvolvendo seus estudos biológicos ouve a discussão e intervém: Que absurdo! Eu, pró-vegetariano, tenho que ouvir tanta besteira num lugar tão bonito... Será que vocês não percebem o quanto são ridículas? Mulher e gaivota discutindo quem deve comer quem?!
            Anímora: E o senhor quem é?
            Seleno: Quem lhe chamou na conversa?
            Daduco: O que tem a acrescentar ao debate?
            A gaivota: O que quer aqui ecochato?
            O ambientalista: Sou Lenouro, pró-vegetariano. É tão fácil resolver o problema de vocês. Ninguém precisa sentir dor ou morrer brutalmente. Comam vegetais. Eles não sentem dor. Não há necessidade de nenhum de vocês cometer esse sacrifício.
            A gaivota: Pois bem, Seu Cenouro. E quem foi que lhe disse que eu aprecio comer capim?
            Daduco: Acha que tenho cara de cavalo?
            Anímora: E eu de vaca?
            O ambientalista: Querem que eu diga a verdade?
            Anímora: Como é que é?!
            Seleno: Não vamos discutir mais, ignorem essa mala sem alça e vamos decidir de uma vez quem é que vai ser a comida!

            Cena 7 – Um argumento inesperado
            Um mendigo, Seu Viriga, está passando espiando de soslaio e interfere imediatamente ao ouvir a palavra comida: Oi, meu nome é Viriga. Eu poderia dar uma sugestão?
            Todos o recebem com repulsa.
            Anímora: O que deseja?
            Daduco: O que quer?
            Seleno: Pois não?
            Lenouro: Quê?
            A gaivota: Hã? Hã? (Faz um ruído estridente de gaivota). Todos colocam as mãos na orelha, tapando o ouvido.
            O mendigo, Seu Viriga: Se alguém tem que comer aqui, sou eu, que sempre passei fome. Vocês podiam servir de alimento para mim. Seria muito mais justo, viu?
            Todos se entreolham comovidos e calados. Quase choram, e fazem expressão de vergonha, tristeza e arrependimento.

            Cena 8 – Final – A união das espécies
            Em um restaurante vegetariano estão todos comendo unidos e felizes. Humanos e gaivotas dividem o jantar numa exorbitante bagunça e gritaria. Vez ou outra Anímora faz expressão desgostosa com tanto barulho, mas também interage.
            Seu Viriga, o mendigo, que também está comendo, feliz como nunca, diz, humildemente ao seu modo: Eu queria agradecer pela comida, mesmo que seja tudo folha, eu nunca comi tanto.
            Lenouro: Está gostosa?
            Seu Viriga: Muito.
            Seleno: Sabe, queria me desculpar com a gaivota e o seu Lenouro, pois essa comida está mesmo deliciosa e acho que não há mesmo necessidade de sacrifícios.
            Anímora: Pois é, quero me desculpar e agradecer a presença de todos, inclusive desses bichinhos barulhentos que foram convidados e estão aqui.
            A gaivota: Também quero me desculpar, e agradecer, mesmo que o nível intelectual do jantar não esteja lá muito bom, devido a umas espécies e outras.
            Todos riem.
            Lenouro: E o senhor nada diz, Daduco?
            Daduco está extremamente emburrado: Digo, digo que eu fui o sacrificado. Planejei uma noite com cardápio novo, com carne de gaivota, uma novidade para faturar e acabei gastando todo meu dinheiro nesse jantar de capim temperado a orégano... Ninguém precisou se sacrificar, só eu né?
            Todos gargalham novamente. 

Thiago Camacho

quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

A Estratificação Social - Thiago Camacho


 Estar refém de um sistema ideológico da obscuridade; não. É chegada a hora de um sequestro de amor uns pelos outros. 


 





 Quantos foram os excluídos do retrato social hoje?                        









Vende-se a imagem.
Vende-se a visão.
Vende-se a aparência.
Vende-se o corpo.
Vende-se o sexo.
Vende-se a relação.
Vende-se a amizade.
Vende-se o sentimento.
Vende-se a família.
Atualmente, o que não é moeda de troca?
Atualmente, o que não pode ser comprado?
Doa-se o "atualmente".
Não o queremos mais!




Estar calado por um sistema ideológico da obscuridade; não. É chegada a hora de um grito de amor uns pelos outros.


A Divisão da sociedade em classes faz escorrer toda a nossa arte; só tinta cara sobrevive.



Agora vejo o mundo.





E compraram a terna infância... Porque tudo tinha um preço;







quinta-feira, 22 de novembro de 2012

Projeto Subjetivo - Thiago Camacho


Sensores - James White (Thiago Camacho)



Estudos Performativos de Thiago Camacho no personagem James White.




James e Frederico cansaram do sensor visão.
Querem sentir, cheirar e lamber o espaço.
És belo no toque, no cheiro, no sabor?
Ou estás limitado à aparência visual?


Thiago C.











ELES SEMPRE TIRARÃO OS SAPATOS

Eles tirarão os sapatos por toda a vida
Dirão palavra não-verbal dantes nunca lida
Nas salas das expressões, com os pés no chão
Conectados céus e terras, coração

Vão para sempre trocar de nome
passar calor, frio, sede, fome
Serão produtores da verdadeira arte e do talento
Ah que fantasioso e glorioso passamento

Estarão juntos, unidos
Embarcarão num gigantesco navio
Que outrora tantas vezes viajou vazio

Nas cidades gritos, nas selvas, rugidos
Vão vislumbrar todo o Universo
E inventar um outro tão diverso.


Thiago Camacho











Intimismo: A educação cultural enxerga plasticidade, estética, conceito, expressividade...
E não sexualidade, exposição ou moral, DILEMA...

O íntimo é verso, a rotina é estrofe e a vida... POEMA.


Thiago C








Jaq e James estão lendo.





 Associação de Amigos do Autista.

Conheça-os.

Thiago Camacho 


 








A Classe Dominante tenta nos fazer acreditar que a desigualdade social é natural. E que o dinheiro é meritocracia;

Thiago C













Se buscou a carne, transpirou o espírito;


se ingeriu matéria, vomitou a essência [...]


O sangue verdadeiro se traduz em valores da alma e não na idealização das artérias;

Irreversivelmente, atrelados, cérebro e ideia não são, vulgarmente, o casamento do corpo e da mente, mas o divórcio em litígio do interior com a superfície.
Thiago C.









 Donde tudo é poesia... A gravidade é um mal que não deve ser levado em conta.
Voar e estatelar no abismo é, dentre tanta iniquidade, mais glória que lutuosa desgraça;
Mais que a prisão irrevogável da escória, que arrasta todos os corpos, ambiciono as alturas da perigosa liberdade, a transfiguração dos loucos: voar e voar [...]

Thiago Camacho





















Quis que a tese e a antítese se abraçassem...
Nada fez alterar OU DISSUADIR o reverso entre ambas.
Mas...
Sentiram-se. Olharam-se. Tocaram-se.
E sabiam que no fundo, coexistiam. 













Assegurar a justiça social, cultural e os direitos das minorias não são opções... São as alternativas corretas!



 







Que mais glorioso florão podem requerer os mortos, do que a poesia que foi a vida? 
A vida de quem?
Thiago C.






















Pular no abismo e sentir a poesia da queda, dançá-la, cantá-la, solfejá-la, não lhe parece verossímil? Já estamos caindo num buraco, e essa queda durará um tempo pormenor [...] A expressão poética da vida lhe verga, lhe arranca pelas raízes, lhe coloca rastejante como as víboras [...] Depois com os pés calcados, você prepara voo, sobre todas coisas, pensante, matéria com consciência sobre si mesma, mas não reflete... só pensa. Não repara, só olha. A diferença dos abismos, o que você pula e o que você já está caindo, está em percepcionar o ilusório voo, sentir o vento da queda livre e promulgar continuidades inexistentes ou inutilizar a bela palavra em lamentos inúteis, que não impedirão que haja o estatelamento. Se cair como se estivesse voando, viverá. Do contrário, é como se já não vivesse.

Thiago Camacho












Corri 150 vezes em linha reta. Desde a primeira corrida, tinha somente um ponto de vista: nuvens negras. Resolvi mudar de direção. E vi um lindo pôr do Sol. É, as vezes precisamos mesmo mudar a trajetória. 
Mesmo que as estações já tenham fechado um ciclo. 

Thiago C.










É no núcleo de um furacão onde está a mais repleta calmaria. Ao seu entorno, gritos e ondas de desespero, e eu aqui sozinho, sentindo a brisa leve e fria, mantendo-me distante da destrutiva tempestade. Não quero riscos e nem paredes de fortes ventos, prefiro a imersão no que há de seguro: minha consciência acerca do que me destrói. 

Thiago C.









A Paz é mais importante do que os motivos da violência.














O "Subjetivo" reitera:

Precisamos assegurar a preservação não só de nossas raízes culturais, mas de vidas humanas.

Assine.

A favor dos direitos do Índio Guarani Kaiowá:

https://secure.avaaz.org/po/petition/Salvemos_os_indios_GuaraniKaiowa_URGENTE/?aeZnFdb&external











O "Subjetivo" não quer direitos especiais ou privilégios. O que se busca é justamente a IGUALDADE de direitos. Deveres, pela Constituição, todos nós temos iguais.












Quando tese e antítese notaram que partilhavam a mesma existência [...]
Percepcionaram as semelhanças.
Engendraram as diferenças.





























O “Subjetivo” defende o que deveria ser espontâneo: o respeito pela vida.
Nós somos tão animais quanto os bois, aves, peixes...
Nós sentimos dor.
Até você terminar de ler esta mensagem, terão sido assassinados, brutalmente, milhares de a
nimais em todo o mundo.
Vegetarianismo não é somente um gosto.

http://www.cantinhovegetariano.com.br/2007/06/frases-de-vegetarianos_03.html


Thiago C.



































O “eu expressivo” está amarrado nas correntes da preeminência. Dizem-lhe que estar preso é a condição ideal e irrevogável. Ele, submetido ao sistema vigente, ouve o discurso. Dominado. Mudo.
Nenhuma reação é vista diante do conformismo e da resignação de quem só acata o que os outros ditam. Não há movimento. A estagnação é a obediência irretorquível. E quem ordena, consciente do que faz, tira proveito concreto. Explora a submissão.
Quando o mesmo “eu” falante de outrora promoveu o impacto, quis encontrar uma forma de quebrar as suas correntes. Não o permitiram. O calaram.
No entanto, sabia no íntimo algumas verdades inexoráveis. A liberdade como estado de espírito e a justiça da igualdade como absolvição.
Só lhe falta mesmo a gênese da ação coletiva, que possa quebrar as correntes da inconsciência e derrubar muros de prisões, declarando discrepante a supremacia.

Thiago Camacho












A Classe Dominante tenta nos fazer acreditar que a desigualdade social é natural. E que o dinheiro é meritocracia;

Thiago C















O riacho estuprou a terra, que um dia estuprará todos os homens...
E que poema mais frívolo poderia estruturar um virgem sobre aquilo que não compreende?
Nossas virgindades nos serão arrancadas ou resignados já aceitamos o curso natural da existência? Do rio? Da terra?
Eu sou a natureza... eu sou do rio, sou da terra...
Thiago Camacho


















Céus e terras trocaram suas posições... mas o mundo não caiu sobre a cabeça de James; antes, ele desabou no vácuo. E a cor azul se esparramou em tudo que havia ao redor;;
Thiago C.















O menino de pijama acordou. E voltou a dormir com 24 anos.


















Thiago Camacho Guarani-Kaiowá 

Expulsar uma matriz cultural que nos envolve, que é para nós referência, é dissuadir a história de nossas próprias vidas, exemplificar um país que não se norteia por sua própria Constituição, que não assegura 
a ética para com outras minorias desprotegidas [...]

Nossos índios estão morrendo!

Estão matando as nossas origens, nossa cultura e seres humanos!

POR FAVOR.

Não ao despejo dos Guaranis Kaiowa!


O Brasil repudia e se envergonha desse fato histórico.

ASSINE:

https://secure.avaaz.org/po/petition/Salvemos_os_indios_GuaraniKaiowa_URGENTE/?aeZnFdb&external



 
















O “Subjetivo” defende, hoje, grupos de dança, música e artes marginalizados e incentiva a luta a favor da liberdade de expressão, inclusive corporal e verbal dos mesmos grupos.

É importante se questionar: RESPONDA PARA SI MESMO.
 

“Você deixa de fazer algo que é normal para você quando o outro se ofende e/ou acha diferente?”
Lembre-se de que até não esconder o rosto e os cabelos pode significar uma ofensa em determinado contexto cultural.
 

“Você já descobriu quem é você de
 
verdade ao ponto de dissuadir as suas repressões e de se sentir, de fato, livre?”.

“Você já pensou que a ofensa é culturalmente criada? Que ela é criação humana?”
Lembre-se: Os animais não se ofendem.
 

Não há, aqui, apologia ao desrespeito, entretanto há o questionamento: até que ponto você respeita a liberdade alheia?
 

Sabemos das convenções sociais, mas sabemos que muitas delas precisam ser mudadas a fim de contemplarem indivíduos que só querem expressar o seu mundo interior/diferente.
 

Texto: Thiago Camacho.

CAMACHO, Thiago. Projeto Subjetivo. FACEBOOK, 2012.

“O funk é democrático e, por isso, perigoso.” MC Leonardo. Marcelo Salles (Jornalista)- Le Monde Diplomaatique.





























AOS MEUS EX-ALUNOS que fizeram, hoje, o ENEM: fiz a Redação argumentativa proposta pela prova:

CIDADANIA A TODO NÍVEL

No século XXI, o quadro da imigração em território brasileiro continua com novos imigrantes tais como: bolivianos e haitianos que entram pela Região Norte em direção ao Centro-Oeste do país, grande parte ilegalmente. Imigrantes que possuem características sócio-econômicas diversi
ficadas, muitos são qualificados para alguma área do trabalho e, surpreendentemente, pertencem à classe média, principalmente os provenientes do Haiti, refugiados das consequências do terremoto assolador que houve nesta nação. Por outro lado, muitos são considerados miseráveis.

Sabe-se que a xenofobia não é uma problemática exclusiva de países desenvolvidos, sabe-se, também, que esses povos ao chegar ao Brasil, em variadas condições de existência, necessitam da inclusão social, negada em muitas regiões do globo. Inclusão, esta, que parte da busca pela dignidade humana, condição não encontrada em seus países de origem, o que os inflama a procurar uma vida melhor.

O Brasil é um país que preconiza a cidadania, sua Constituição Legislativa Federal, vigente desde 1988, é norteada por princípios cidadãos, democráticos e de solidariedade que devem assegurar a igualdade entre todos os seres humanos. É certo que a imigração ilegal é uma complicação cultural de cunho nacional, no entanto é certo, também, que o país deve, por seus próprios princípios constitucionais, atender com solidariedade essas demandas, uma vez que somos uma nação politicamente aberta, acolhedora e generosa, o que não significa uma prestação gratuita de favores, já que esses imigrantes podem trabalhar e contribuir com a economia nacional brasileira. Como receberemos, por fim, esses imigrantes, diante do cenário da imigração mundial contemporânea, ao qual instauramos tanta crítica?

Por Thiago Camacho