sábado, 29 de dezembro de 2012

A Gaivota - de Thiago Camacho


            Produção de Comédia Dramatúrgica 

            De Thiago Camacho

            A Gaivota 


            Cena 1 – O Rompimento da Paz
            Uma gaivota pomposa e exibida anda por uma praia pouco movimentada por humanos, mas agitada por outras gaivotas barulhentas. Avista dois homens, já conhecidos seus, em atitude suspeita, vestidos para caça e os questiona. Obtém como resposta algo que não queria ouvir, eles estão caçando gaivotas para um novo cardápio do restaurante de Daduco.
            A gaivota: Olá, o que fazem os senhores aqui?
            Daduco: Não nos cumprimente, senhora Gaivota. Infelizmente já não podemos trocar prosa, agora estamos separados por um conflito, que é justo.
            Seleno: Evite o contato, ave de rapina, você já não é mais amiga.
            A gaivota: Ora, ora, senhor Sereno...
            Seleno: Eu me chamo Seleno, Gaivota.
            A gaivota: Tudo bem, quem confunde uma ave nobre como eu com uma ave de rapina... O que é confundir um nome esquisito, não? Eu nunca quis ter muito contato sabe, mas a educação tantas vezes me forçou. O que fazem em meu habitat se resolveram me proporcionar o prazer de não vê-los mais? Ah, já sei, querem passear na casa dos outros... Isso é tipicamente humano.
            Daduco: Sem mais lorotas, ave. Nós estamos aqui caçando gaivotas para o novo cardápio de meu restaurante.
            A gaivota dá uma gargalhada e questiona: Como eu esperava, vão tentar salvar aquela espelunca com essa novidade ridícula? Olha, seu Caduco...
            Daduco: Eu me chamo Daduco, ave...
            A gaivota: Que seja... Irei ter com a sociedade protetora dos animais caso os senhores insistam nessa ideia absurda. O que os faz achar que podem comer a nossa carne, cometerem esse crime de assassinato?
            Seleno: A nossa superioridade.
            A gaivota: Olha, Seu Chuvisco...
            Seleno: Eu me chamo Seleno, insolente!
            A gaivota: Tudo bem, Seu Seleno Insolente... Quero apenas me certificar do por que eu seria inferior aos homens?
            Daduco: A nível de consciência e inteligência.
            A Gaivota: Deve ser por isso que os senhores faliram um restaurante. E agora querem fazer um holocausto na tentativa de salvar aquela espelunca. Vocês humanos são capazes de destruir o planeta com toda a sujeira que produzem, são verdadeiras máquinas de produzir lixo, de matar árvores que fornecem a vocês o oxigênio, são tão tolos que destroem a própria sobrevivência, extinguem animais, detonam a água de que tanto precisam e utilizam a consciência que alegam ter para exterminarem uns aos outros, produzindo armas de guerra e bombas atômicas capazes de arruinar todo o mundo! E sou eu, uma simples Gaivota, que vive apenas do necessário, que tenho minha vida baseada completamente no sustentável e que ainda mantenho o controle das cadeias alimentares e do equilíbrio no meio ambiente, embelezando a visão ordinária de vocês, que sou inferior? Eu e minhas semelhantes? Ainda sou caçada para servir de jantarzinho num boteco falido de um administrador de quinta categoria chamado Caduco... Devo eu me considerar inferior de acordo com o bom senso que vocês dizem ter?
            Daduco e Seleno tentam argumentar, mas a gaivota interrompe:
            Eu sou muito mais instintiva e organizada do que vocês que só raciocinam desordem.
            Daduco: Olha, senhora gaivota, você está falando de forma genérica...
            A gaivota o interrompe: Vocês que trabalham o dia inteiro, vocês que são escravos do dinheiro...
            Seleno: Escute, sua galinha voadora...
            A gaivota torna a interromper: Aquele que subestima uma gaivota, não passa de um idiota...
            Daduco: Eu sei que em parte você parece ter razão, mas...
            A gaivota impede a argumentação deles, tornando a discussão baseada no viés ideológico unilateral: Ser humano a tudo complica... Ser humano para comunicar precisa ser poliglota, não falam língua única como uma gaivota...
            Os dois começam a andar de um lado para o outro, cochicham, espiam de soslaio, enquanto a gaivota, pomposa, senta na areia para tomar um sol.

            Cena 2- Quem é inferior?
            Os dois amigos retornam e falam com a gaivota, enquanto isso, ela continua na mesma posição, tomando sol tranquilamente, parecendo não ouvir o que dizem.
            Daduco: Onde já se viu darmos ouvidos a essa coisa?
            Seleno: Essa coisa só sabe fazer barulho...
            Daduco: Nós não vamos nos deixar convencer por isso, vamos?
            Seleno: Claro que não, os argumentos dela são... São...
            Daduco: São fajutos?
            Seleno: Um pouco infundados?
            Daduco: Desconexos?
            Seleno: Argumentos de uma gaivota...
            Daduco: Talvez faça algum sentido?
            Seleno: Talvez tenha alguma coerência?
            Daduco: Se tiver, a contrariaremos?
            Seleno: A contrariaremos por orgulho?
            Daduco: Que mal há em contrariar uma gaivota?
            Seleno: Orgulho é uma coisa ruim?
            Daduco: Orgulho é uma coisa boa!
            Seleno: É verdade, muito boa.
            Daduco: Excelente.
            Seleno: Gloriosa.
            Daduco: É?
            A gaivota finalmente se move e interfere: O grande... O mais poderoso... O maior de todos os orgulhos... Está em não ter orgulhos...
            Seleno: Ah cala esse bico, pelo amor...
            Daduco: Escute, seu passarinho atrevido...
            A gaivota: Escute o senhor, seu Balduco...
            Daduco: É Daduco...
            A gaivota: Isso mesmo, seu Maluco, entre cantos de gaivotas, a voz humana é um mal que não deve ser levado em conta, creio que os senhores podem ir pra casa refletirem o inevitável: eu tenho razão, eu sou superior a vocês, que não são capazes de articular defesa intelectual, e por isso recorrem ao orgulho, e eu com minhas belas plumas...
            Seleno: Penas...
            A gaivota: Plumas... Ficarei aqui tomando sol.

            Cena 3-
            Os dois amigos voltam a andar para lá e para cá. Cochicham novamente, visivelmente encabulados e retornam a falar com a gaivota, que agora com óculos de sol, está deitada pomposa na areia.
            Daduco: Dona gaivota...
            A gaivota responde: Dona não, senhora gaivota...
            Seleno: Esse animal tem o poder de me irritar...
            A gaivota: Isso é estresse, tipicamente humano... Mais um atributo de inferioridade, e vocês nem voar podem... Voar desestressa, alivia... Vocês só trabalham e só se estressam... É como eu sempre digo, o homem trabalha o dia inteiro, o homem é escravo do dinheiro... No Stress.
            Daduco: Para de piar inglês, andorinha.
            Seleno: Nós ainda não nos demos por vencidos...
            A gaivota: São tão rasos que esvaziaram num só gole...
            Daduco para o espectador: Vocês entendem o que diz esse pardal?
            A gaivota para o espectador: Vocês não se ofendem de pertencerem à mesma espécie?
            Seleno: O que ela está querendo dizer com isso em?
            A gaivota: Quem subestima a gaivota... Não passa de idiota.
            A gaivota voa e bate uma de suas asas na face de Seleno, que fica cheio de penas.
            Os dois amigos saem enfurecidos e humilhados.

            Cena 4- O singelo engano
            Seleno desabafa com a cozinheira, Anímora: Veja como estou cheio de penas... Que dia, que dia terrível!
            Anímora: Aposto que se meteu entre aquelas gaivotas. Não conseguiu caçar nenhuma?
            Daduco: É que argumentaram em defesa delas...
            Anímora: E os convenceram?
            Seleno: Em hipótese alguma!
            Anímora: Então por que não trouxeram as gaivotas?
            Daduco: Porque... Porque... Por que mesmo, Seleno?
            Seleno: Oras, claro que porque... É lógico que... Ué diz aí cara!
            Anímora: Mas são duas toupeiras mesmo, foram convencidos. Aposto que por uma...
            Daduco: A gaivota não nos convenceu coisa nenhuma.
            Anímora: Então esse é o nome da sujeitinha...
            Daduco: Mas nós não fomos convencidos por ela! Viemos lhe buscar para que dê seu parecer.
            Anímora: Sei, pode deixar que eu vou e teremos uma prosa de mulher pra mulher...
            Seleno: Mulher?
            Anímora: É, ou por acaso foram convencidos por um travesti?
            Daduco: O que disse?!
            Anímora: Esquece, deixa pra lá. Vamos para eu conversar com a fulana.
            Seleno: Isso, vamos para ela conversar com a gaivana, quer dizer, gaivona... Não...
            Anímora: Já entendemos, vamos logo!

            Cena 5 – Debate entre as espécies
            Anímora, na praia: Mas é aqui que vamos conversar? Nessa praia de aves barulhentas?
            Daduco: Onde mais?
            Anímora: Na casa dela.
            Seleno: Está maluca?
            Anímora: Por que, Seleno?
            Daduco: Você bebeu?
            Anímora: Olha o respeito!
            Daduco: Desculpe, mas é que...
            Anímora: Já imaginava, ela é casada né?
            Seleno: Anímora, você se sente bem?
            Anímora: Eu é que pergunto, vocês dois estão tão estranhos!
            Daduco: Nós?
            Anímora: O que um rabo de saia não faz com dois homens em...
            Seleno: Rabo de saia?
            Anímora: Não se faça de besta!
            Seleno: Como?
            Anímora: Nada. Ela é bonita é?
            Daduco: Fedorenta e feia.
            Anímora: O quê? Vocês não tem vergonha mesmo né? Eu toda prendada, cheirosa, bem arrumada... E vocês vem até esse lugar pescar piranha nojenta?
            Seleno: Anímora, você continua indo ao seu psiquiatra?
            Anímora: Parei por um tempo, por quê?
            Daduco: Está explicado.
            Seleno: Não pare de ir!
            Anímora: Vocês me chamaram até aqui pra me ofender, é isso mesmo?
            Seleno: Desculpe, esqueça.
            Anímora: E então, onde está a beltrana?
            Daduco: A gaitrana... digo... A gaivana... Ou melhor, ah não sei!
            Anímora: Onde?!
            Seleno: Calma, ela talvez demore a aparecer. Deve estar em revoada.
            Anímora: Revoada? Ah entendi, vocês mesmos assumem que se enrabicharam por uma boa bisca. E os dois ainda por cima!
            Daduco: Você está achando que nós estamos interessados na gaivista? Quer dizer, na gaivota? Você não pode estar no juízo perfeito!
            Seleno: Anímora, no estado em que você está não poderá argumentar, você dormiu bem esta noite?
            Anímora: Agora estou entendendo tudo, vocês estão de ladainha comigo, ela deve ser bonita... Mas sério que é muito mais do que eu? Porque para me desprezarem e caírem de quatro, os dois, para ela...
            Daduco e Seleno se entreolham balançando negativamente a cabeça.
            A gaivota chega e pousa em frente a eles.
             Anímora reclama: Que bicho barulhento!
            Daduco: Aí está a gaivota.
            Anímora: Onde?
            Seleno: Aí, olha!
            Anímora: Cadê que eu num to vendo!
            Daduco: Na sua frente.
            Anímora: Em que lugar, pelo amor de deus?!
            Seleno: Você está louca?
            Anímora: O que disse?!
            Seleno: Desculpe, mas eu já disse, a gaivota está na sua frente!
            Anímora: Mas eu não estou falando dessa ave, onde está a mulher?!
            Daduco: Que mulher?!
            Anímora: Ah vocês estão de brincadeira com a minha cara!
            Seleno: Não estou te entendendo, Anímora.
            Anímora: Ah você que não está me entendendo, Seleno?!
            A gaivota: Como vai a senhora?
            Anímora grita.
            Seleno: O que foi?
            Anímora: Esse bicho está falando! O que que é isso?
            Daduco: Pois é, e com ela que temos de argumentar.
            Anímora: Com essa ave?
            Seleno: Sim, ela é a gaivota em questão.
            Anímora: Ah eu tenho mais o que fazer, vocês querem que eu fique aqui discutindo com uma gaivota?!
            Daduco: Para isso você veio, não?
            Anímora: Eu me recuso a discutir com uma ave.
            A gaivota: Escute, dona Carnívora...
            Anímora: Meu nome é Anímora, querida gaivota.
            A gaivota: Isso mesmo, Herbívora... Quero dizer que no último encontro eu desmoralizei seus queridos amigos assassinos de animais indefesos, e que comprovei cabalmente por argumentação lógica que são inferiores a todos os animais... Pelo potencial em destruir tudo no mundo que nenhuma outra espécie tem, e por ainda terem a pretensão de chamar isso de consciência ou racionalidade... Dado esse fato, que só poderia ser proveniente de humanos, devo sugerir o reverso da situação: São vocês humanos que devem nos servir de alimento, uma vez que são inferiores. Minhas companheiras gaivotas concordaram por unanimidade. Cansadas de comer peixes, agora querem experimentar um novo cardápio: carne humana. Brilhante ideia, não acham?
            Um grupo de gaivotas começa a berrar incessantemente.
            Anímora: Silêncio, pelo amor de deus! Que barulho infernal! Vocês devem morrer só por fazer tanto barulho, ninguém aguenta isso! O que você disse vai contra toda a lei da cadeia alimentar, minha querida. O homem domina a natureza...
            A gaivota: E a destrói... O que não significa superioridade, pelo contrário... E cadeia alimentar não condiz com uma espécie que se diz pensante... Vocês não encabeçam cadeia alimentar alguma dado que não possuem características de animais carnívoros.
            Anímora: Isso é o que você diz para defender essas gralhas...
            A gaivota: Isso é tudo que você tem a argumentar? Isso é o que diz a ciência para assegurar o que deveria ser espontâneo, o respeito pela vida!
            Anímora: Não deem ouvidos a essa coisa, vamos torcer o pescoço dela e pronto.
            A gaivota: Não deem ouvidos a dona Carnívora, vamos bica-la até ela sentir na pele o holocausto que faz todos os dias naquele restaurante.
            Anímora: Gaivota barulhenta! Mal educada, para de fazer barulho!

            Cena 6- Um ambientalista
            Um ambientalista, seu Lenouro, que passeia pela praia desenvolvendo seus estudos biológicos ouve a discussão e intervém: Que absurdo! Eu, pró-vegetariano, tenho que ouvir tanta besteira num lugar tão bonito... Será que vocês não percebem o quanto são ridículas? Mulher e gaivota discutindo quem deve comer quem?!
            Anímora: E o senhor quem é?
            Seleno: Quem lhe chamou na conversa?
            Daduco: O que tem a acrescentar ao debate?
            A gaivota: O que quer aqui ecochato?
            O ambientalista: Sou Lenouro, pró-vegetariano. É tão fácil resolver o problema de vocês. Ninguém precisa sentir dor ou morrer brutalmente. Comam vegetais. Eles não sentem dor. Não há necessidade de nenhum de vocês cometer esse sacrifício.
            A gaivota: Pois bem, Seu Cenouro. E quem foi que lhe disse que eu aprecio comer capim?
            Daduco: Acha que tenho cara de cavalo?
            Anímora: E eu de vaca?
            O ambientalista: Querem que eu diga a verdade?
            Anímora: Como é que é?!
            Seleno: Não vamos discutir mais, ignorem essa mala sem alça e vamos decidir de uma vez quem é que vai ser a comida!

            Cena 7 – Um argumento inesperado
            Um mendigo, Seu Viriga, está passando espiando de soslaio e interfere imediatamente ao ouvir a palavra comida: Oi, meu nome é Viriga. Eu poderia dar uma sugestão?
            Todos o recebem com repulsa.
            Anímora: O que deseja?
            Daduco: O que quer?
            Seleno: Pois não?
            Lenouro: Quê?
            A gaivota: Hã? Hã? (Faz um ruído estridente de gaivota). Todos colocam as mãos na orelha, tapando o ouvido.
            O mendigo, Seu Viriga: Se alguém tem que comer aqui, sou eu, que sempre passei fome. Vocês podiam servir de alimento para mim. Seria muito mais justo, viu?
            Todos se entreolham comovidos e calados. Quase choram, e fazem expressão de vergonha, tristeza e arrependimento.

            Cena 8 – Final – A união das espécies
            Em um restaurante vegetariano estão todos comendo unidos e felizes. Humanos e gaivotas dividem o jantar numa exorbitante bagunça e gritaria. Vez ou outra Anímora faz expressão desgostosa com tanto barulho, mas também interage.
            Seu Viriga, o mendigo, que também está comendo, feliz como nunca, diz, humildemente ao seu modo: Eu queria agradecer pela comida, mesmo que seja tudo folha, eu nunca comi tanto.
            Lenouro: Está gostosa?
            Seu Viriga: Muito.
            Seleno: Sabe, queria me desculpar com a gaivota e o seu Lenouro, pois essa comida está mesmo deliciosa e acho que não há mesmo necessidade de sacrifícios.
            Anímora: Pois é, quero me desculpar e agradecer a presença de todos, inclusive desses bichinhos barulhentos que foram convidados e estão aqui.
            A gaivota: Também quero me desculpar, e agradecer, mesmo que o nível intelectual do jantar não esteja lá muito bom, devido a umas espécies e outras.
            Todos riem.
            Lenouro: E o senhor nada diz, Daduco?
            Daduco está extremamente emburrado: Digo, digo que eu fui o sacrificado. Planejei uma noite com cardápio novo, com carne de gaivota, uma novidade para faturar e acabei gastando todo meu dinheiro nesse jantar de capim temperado a orégano... Ninguém precisou se sacrificar, só eu né?
            Todos gargalham novamente. 

Thiago Camacho

quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

A Estratificação Social - Thiago Camacho


 Estar refém de um sistema ideológico da obscuridade; não. É chegada a hora de um sequestro de amor uns pelos outros. 


 





 Quantos foram os excluídos do retrato social hoje?                        









Vende-se a imagem.
Vende-se a visão.
Vende-se a aparência.
Vende-se o corpo.
Vende-se o sexo.
Vende-se a relação.
Vende-se a amizade.
Vende-se o sentimento.
Vende-se a família.
Atualmente, o que não é moeda de troca?
Atualmente, o que não pode ser comprado?
Doa-se o "atualmente".
Não o queremos mais!




Estar calado por um sistema ideológico da obscuridade; não. É chegada a hora de um grito de amor uns pelos outros.


A Divisão da sociedade em classes faz escorrer toda a nossa arte; só tinta cara sobrevive.



Agora vejo o mundo.





E compraram a terna infância... Porque tudo tinha um preço;