domingo, 2 de fevereiro de 2014

Terror Anal - Thiago Camacho - UNESP


Foto - Performance Art: Thiago Camacho. Instituto de Artes da Unesp - Terror Anal

"O ânus castrado converteu-se em uma mera ponta de expulsão de detritos: orifício no qual culmina o aparelho digestivo e pelo qual se expele o excremento. Colocado a disposição dos poderes públicos, o ânus foi costurado, fechado e selado. Assim nasceu o corpo privado. E a cidade moderna, com seus calçamentos limpos e chaminés poluentes: anos de cimento pelos quais se dessublima o reprimido coletivamente. Assim nasceram os homens heterossexuais em fins do século XIX: são corpos castrados de ânus. Ainda que se apresentem como chefes e vencedores são, na realidade, corpos feridos, maltratados. No homem heterossexual, o ânus, entendido unicamente como orifício excretor, não é um órgão. É a cicatriz que a castração deixa no corpo. O ânus fechado é o preço que o corpo paga ao regime heterossexual pelo privilégio de sua masculinidade. Foi necessário recompensar o dano com uma ideologia de superioridade de modo que só se lembram de seus ânus ao defecar: como marionetes se acham melhores, mais importantes, mais fortes... Esqueceram que sua hegemonia se baseia sobre sua castração anal. O ânus castrado é o armário do heterossexual." Terror Anal, Beatriz Preciado, págs 136-137

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